Moscow Season - Episódio Extra, Veronica

Estes episódios, originalmente escritos como personagens fixas da história, acabaram por ser limitados a apenas uns cinco episódios. Para saberem mais sobre esta situação visitem este comunicado que vos foi deixado pelas autoras destas duas personagens. Neste episódio, Veronica vê-se confrontada com velhas recordações que podem tornar-se numa ameaça para si mesma, mas algo parece estar presente para ajudar... O que será?

"We All Have A Weakness" by Veronica Russo


Entrei sigilosamente no quarto de Carmen.
― Outra vez, de volta do computador… – Disse bem alto. Carmen virou a cabeça e olhou para mim – Por favor, não me digas que andas à procura de mais “casos” para passar aos teus colegas caçadores.
Ali estava, sentada como um cãozinho à espera que lhe abrissem a porta para poder entrar em casa. Estava encostada à porta atirando a minha faca ao ar.
― O que queres?! – Perguntou de forma "educada".
― Devias mesmo deixar essa vida para trás. Não é o que tu és e não é saudável…
Sinceramente não o dizia para o seu bem. Dizia-lhe porque adorava meter o dedo na ferida.
Dei uns passos na sua direcção.
Rodou a cadeira. Estava com cara de poucos amigos. Mas isso passava-me ao lado.
― Vives no passado, Carmen. O tempo de caçadora já lá vai...
― Eu sou caçadora, sempre fui e vou ser.
Sorri ironicamente.
― Correcção: Tu não és caçadora, és uma vampira!
― Isso não significa que tenho de parar de fazer o meu trabalho! – Disse com uma voz mais forte.
― Tudo bem, presas. – Voltei-me para a porta. – Não sei porquê, mas, simplesmente adoras sofrer!
Exclamei sorridente e sai do quarto.
Depois de falar com Carmen vesti o casaco e sai da penthouse. Precisava mesmo sair dali durante um par de horas. Aquela vampira com mania que era caçadora cansava-me a paciência.
Comecei a caminhar, sem destino, já era tarde e o pessoal que havia pelas ruas eram jovens que saíam das discotecas.
De repente os meus olhos ficaram cravados num casal. Ele gritava imenso e empurrava-a, enquanto que ela só pedia desculpa e chorava como uma madalena arrependida.

Começaram a suar-me as mãos e a tremerem-me as pernas, passados uns segundos deixei de ver por completo aquele casal e apareceu uma imagem à minha frente. Vi-me a mim mesma de joelhos, chorava imenso e tinha a cara cheia de sangue. À minha frente estava um rapaz que olhava fixamente para mim com uma cara muito séria. Sem dizer uma palavra agarrou-me por um braço e levantou-me, parecia que eu sabia o que me ia fazer e comecei a gritar.
Fiquei cega outra vez e outra imagem apareceu. Dessa imagem já tinha mais noção do tempo em que tinha acontecido.
Desta vez quem estava de pé era eu e era eu que olhava fixamente. No chão estava o corpo sem vida daquele jovem que anteriormente me tinha agarrado pelo braço.
Eu simplesmente olhava para ele. Desta vez não chorava. Lembro-me que não senti qualquer tipo de tristeza ao vê-lo ali, morto diante do meu nariz.
De súbito a imagem desapareceu e voltei a ver o casal que discutia. Foi então que me viram e começaram a andar pela rua. Não pensei muito e fui atrás deles.
No final da rua havia um enorme caminho com árvores dos dois lados. Olhei para os todos os lados da rua para ver por onde haviam ido, mas aquele sítio escuro estava completamente vazio.
Senti uma má sensação.
- Isto não é normal. - Disse em voz baixa.
Baixei-me lentamente, tirei a minha faca da bota direita e ocultei-a entre a manga do casaco.
Não podia empunhá-la sem mais, podia ser falso alarme. Levantei-me e comecei a caminhar lentamente. O meu instinto detectava algo. Mas o quê?
Depois de avançar um par de metros vi a rapariga no chão por detrás de uma das árvores. Corri sem pensar que podia ser uma armadilha.
Sem dúvida era humana, podia senti-lo. Estava inconsciente. Tinha sangue na cara, parecia que tinha o nariz partido.
Voltei a ficar cega, mas desta vez de raiva.
- Onde estás, cobarde! - Gritei sem pensar. - Onde estás? Que se passa, só gostas das que choram?
Olhei à minha volta. Estava muito escuro. Tinha uma certa dificuldade em ver bem a larga distância.
Caminhei alguns metros mas nem sinal dele. Até que, uns segundos depois, senti uma dor imensa nas costas. Virei-me e ali estava ele, diante de mim com uma navalha na mão. Senti-me desvanecer. Cai ao chão mas sem saber muito bem como voltei a estar completamente lúcida.
Dei-lhe um pontapé com todas as minhas forças e ele caiu sem saber muito bem como. Era humano, consegui senti-lo. Levantei-me com dificuldades e tirei a faca que continuava oculta na manga.
Ele continuava estendido no chão agarrado a barriga.
Revirei os olhos e entrei numa espécie de transe. Ele começou a contorcer-se no chão mas desta vez não por culpa das minhas botas. Sem mais, deu um grito de dor mas sem explicação calou-se de repente.
Sai do transe e olhei para ele. Ali estava ele, no chão, sem vida. Tinha-lhe roubado a única coisa que lhe pertencia realmente: A sua triste alma.
Estava bem guardada no punho da minha faca. De ali só para a minha caixa das recordações.
Senti-me desvanecer outra vez. Cai novamente ao chão já quase sem forças. Depois de uns segundos e antes de perder os consegui ligar a Claire.
- Ajuda-me! - Disse.
- Verónica? Onde estás? Verónica? Verónica?

Despertei lentamente. Doía-me imenso o corpo. Olhei à minha volta. Não sei bem quanto tempo estive inconsciente mas suponho que um par de horas. Junto à porta, encostada à parede estava Samantha.
Que estava aquela coisa a fazer no meu quarto?
- Que fazes tu aqui? - Preguei de maus modos.
- Queria ver se morrias! - Disse com ar de gozo.
- Não morro tão facilmente, ignorante. Sou imortal!
- Alguma forma deve haver para acabar contigo.
Nesse momento entrou Claire e Sheftu. Olhei com um olhar ameaçador para Samantha mas ela deixou escapar um pequeno sorriso.
- Como estás? - Perguntou Claire.
- Dói-me imenso o corpo mas para desgraça de muita gente vou sobreviver! - E lancei outro olhar a Samantha. Voltei a olhar para Claire, que não entendia nada do que se passava. - Como me encontraste, Claire?
- Não fui eu... Foi ela! - Disse apontado para Sheftu.
- Como me encontraste?
- Pelo bater do teu coração! Os batimentos são como as impressões digitais... não existem duas iguais...
- E porque me ajudaste?
- Não o fiz por ti… Por mim podias...
- Não te atrevas! - Interveio Claire.
De repente toca o meu telemóvel. Com muita dificuldade para me mexer consegui alcançá-lo e atendi.
- Sei quem és! E sei o que fazes! - Exclamou uma voz do outro lado.
- Quem és tu? Quem és tu?

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