Moscow Season - Episódio Extra, Claire

Como sempre, ela estaria lá para tentar acalmar os ataques de ódio entre as suas conhecidas. Segredos, dúvidas, mistérios e observações. Era tudo o que ela poderia fazer. Mas… Quem é que a acalmaria para o que estava por vir?

“Long Lost Memories” by Claire Harris


- Sabes como estão as coisas, Daniel, nem tudo está fácil… - Disse calmamente para a pessoa no outro lado da linha telefónica.
- Sim eu sei. Mas tenho saudades tuas. Não consegues arranjar uns dias para vires ter comigo? Não estamos juntos há tanto tempo, Claire… - Murmurou.
- Eu sei. Mas tem de ser assim. Eu avisei-te. Só embarcaste nisto porque assim quiseste. – Ripostei.
- Sim. E não planeio desistir. Então e conta-me, estás a gostar de Moscovo? Não tens saudades dos nossos ares quentes, do outro lado do oceano? – Riu-se.
- Tenho. Não sou dada ao frio, como sabes. Mas estou a gostar da nova mudança. Gosto da Europa.
- Sim… E… Como estamos de outros aspectos? – Insinuou.
- Daniel Harris! Comporta-te ou desligo-te o telefone imediatamente na cara! – Avisei. – Conheces-me demasiado bem para afirmares tais coisas.
Ele riu-se e disse:
- Sim, eu sei. Olha, o meu pai está a gritar por mim. Tenho de ir. Ficas bem aí sozinha? – Provocou.
- Sim, não te preocupes.
- Ok. Dorme bem. Nunca te esqueças ok?
- Nunca, Daniel. Nunca irei esquecer.
Desliguei. Senti uma pequena gota cristalina cair na minha face. Limpei-a e ignorei esse sentimento, levantei-me, fui desligar a aparelhagem e sai do quarto. Dirigi-me à cozinha onde me sentei, sabia o que ia acontecer.
- Claire... – Disse a Veronica ao entrar na cozinha.
- Já sei, precisas falar comigo... – Retorqui, calmamente.
- Que tens? – Perguntou como se estivesse desconfiada de algo.
- Nada, esquece... Parvoíces! – Respondi na esperança de ela não notar a marca da lágrima.
- Preciso saber o que aconteceu. Sabes bem o que temos entre mãos... Sabes bem quem sou... – Disse com ar mais sério que o normal.
- Tu já não és a mesma. Tu mudaste muito neste último século... Não podes... – Disse, mas fui interrompida.
- Shiuu! – Exclamou. – Não sabias, que é feio ouvir atrás das portas, Carmen?
A Carmen empurrou a porta e entrou.
- Já passei o tempo para ser politicamente correcta, Verónica. – Respondeu.
A Veronica virou-se para mim e trocamos olhares. Entendi que não seria a altura apropriada para continuar a nossa conversa.
- Como é que chegaste tão depressa a casa? – Disse Carmen, na minha direcção.
- Vim a pé... – Respondi-lhe.
- Hum... Passou-se alguma coisa enquanto estive a caçar? – Perguntou, desconfiada.
Troquei de novo olhares com a Veronica. Ela estava nervosa, consegui notar isso. Decidi improvisar e não demonstrar também o meu ligeiro nervosismo.
- Não, tudo bem. Tirando a Sheftu que está de mau humor e a Samantha que está sempre a chatear…
Apesar de ter parecido que a vampira não ficou lá muito convencida, eu fiquei mais descansada.
- Bem, vou trocar de roupa… – Disse e saiu.
Aguardamos em silêncio por uns segundos.
- Verónica, ela pode ajudar-te… - Disse-lhe.
- Não! – Exclamou.
- Ela pode descobrir quem anda a telefonar-te e o que te aconteceu! Já que ninguém viu…
- Nem pensar, que vou pedir ajuda aquela miserável! – Disse levantando-se num salto. ― Este assunto é meu, e eu vou saber quem é. Ninguém se mete comigo e fica assim…
Veronica neste momento saiu disparada pela porta zangada. Entendi que não deveria ter tocado no assunto, mas era tarde demais para mudar de ideias. Levantei-me e dirigi-me de novo para o meu quarto. Fechei a porta e olhei.
O meu quarto é sem dúvida o mais diferente de todos os outros desta penthouse…” pensei enquanto olhava para o interior do meu refúgio. Tinha as paredes de cor de madeira e o chão também era de madeira. A cama encontrava-se ao centro do quarto, com edredões em tons de bordô e preto. Ao lado, uma pequena cómoda com os meus perfumes e maquilhagem, nada demais. Um pequeno guarda-fato, do outro lado, com algumas roupas lá dentro – ao contrário das outras, não sou fã de roupas – e um piano. Pequeno, nada muito extravagante. Dá para tocar um pouco e isso chega-me. Perto dali estava a minha janela, onde passava a maior parte do tempo. Entrei por uma pequena porta que estava ao lado do meu guarda-fato, que dava acesso à casa de banho, e comecei a ligar a água para encher a banheira de estilo vitoriana no seu interior.
Assim que a água estava pronta, deitei umas ervas lá dentro, e deitei-me. O calor da água fazia com que o cheiro que emanava das ervas se tornasse mais intenso. Deixei que a água relaxasse cada um dos meus músculos e me levasse para longe daquele sítio, daqueles momentos… Deixei a minha mente navegar sozinha por memórias ocultas e longínquas.

“Mamã olha ali! Borboletas!” corri atrás de um conjunto de borboletas que vi voar ao fundo. “Sim, estou a ver pequenina! Apanha-as!” disse a minha mãe, rindo-se. Corri e corri atrás delas. Quando olhei para trás, não estava lá ninguém. “Mamã?” chamei. “Ahhhhh” ouvi um grito. “Mamã?” chamei mais alto.

- Não podemos fazer gastos desnecessários! Temos que manter-nos o mais discretas possível… – Ouvi alguém gritar e isso tirou-me dos meus pensamentos.
- Carmen… - Levantei-me rapidamente da banheira, sequei-me e enfiei umas roupas. Desci. Encontrei Veronica a observar aquela discussão juntamente com Sheftu.
- Discretas?! Não sei se reparas mas, estamos numa penthouse num dos melhores hotéis do mundo e tu conduzes um Mustang feito por encomenda! Como queres ser discreta?! – Respondeu Samantha.
- Não quero saber! Vais devolver essa jóia e esta comida horrível. – Disse Carmen.
Olhei para o chão onde estavam uns sacos virados ao contrário e entornados no chão.
- Não! – O olhar de Samantha era de desafio. ― Lá porque tu não aceitas quem tu és, não significa que tenha de fazer o mesmo!
Senti que Carmen ia aniquilar a Samantha e decidi colocar-me entre Carmen e Samantha, agarrando os ombros de Carmen.
- Carmen, por favor… – Pedi-lhe.
Carmen virou-se de repente, deu um pontapé no saco da comida na direcção da Samantha. O saco levantou voo e caiu mesmo no vestido roxo que ela trazia.
Sheftu sorriu muito levemente e Veronica conteve uma gargalhada.
- Sua cabra! – Gritou Samantha avançando direito a Carmen, quase atropelando-me.
- Samantha! – A voz de Sheftu fez-se ouvir forte. – Já chega! Vai trocar de roupa, e limpa esta porcaria.
Samantha virou-se para com um ar de ofensa mas, Sheftu era a mais velha, logo uma ordem dela tinha que ser respeitada.
- Mas…
As duas trocaram olhares, até que Samantha desapareceu rogando pragas a toda a gente.
- O mesmo vale para ti Carmen, vai mudar de roupa. – Ordenou Sheftu.

Veronica foi-se embora, tal como todas as outras. Sheftu retirou-se novamente para o seu quarto. Eu, ficando uma vez mais sozinha, decidi regressar também ao meu quarto e limpar a confusão que tinha ficado na casa de banho.
Cerca de uma hora depois dirigi-me à sala de entrada, onde estava Samantha e… Veronica. Esta encontrava-se encharcada em sangue e confusa.
- Uhhh! Parece que a bruxinha se andou a divertir... – Disse Samantha, após dar um grito que fez com que todas as outras raparigas que estavam nos seus respectivos quartos se dirigissem uma vez mais à sala.
- Que aconteceu, Verónica? – Perguntei, preocupada.
- Não sei Claire! - Disse com um ar assustado. – Juro-te que não sei....
Neste momento o telefone tocou e ela atendeu. A sua expressão foi de puro horror.
- Eu não vou ficar aqui a ouvir-vos. – Disse Samantha, saindo de seguida.
- Podem ir também – Respondi para Sheftu e Carmen – Eu trato da Veronica.
Cheguei perto da Veronica e ajudei a dirigir-se para o seu quarto. Entramos na casa de banho e preparei-lhe um banho de ervas.
- Ok, agora deita-te e relaxa. Lava-te e tenta relaxar. No final, falamos sobre o que aconteceu ok? – Disse-lhe. Ela apenas acenou com a cabeça.
Retirei-me do quarto e deixei-a a banhar-se. Passou-se umas horas e ela sem sair de lá. Entendia-a, eu também fazia a mesma coisa, muitas vezes.
Ouvi gritos.
- Sheftu! – Ouvi Samantha gritar. Segui os seus gritos e mantive-me, escondida a ouvir a conversa.
- Sheftu! – Ouvi suplicar - Ajuda-me por favor…
- O que se passa? – Sheftu respondeu.
- Fui caçar… E… – Explicou o que tinha acontecido. Meio atrapalhada e enganando-se nas palavras, mas explicou.
- Tem calma. Vamos para o teu quarto para falarmos melhor. – Disse Sheftu.
Dirigiram-se para o quarto da Samantha e olhei para ela, preocupada. Após elas entrarem, coloquei-me, novamente, à escuta.
- Samantha exactamente o que te aconteceu? Não consegui entender nada. – Questionou Sheftu.
- Já te disse! Fui caçar e… Tu sabes os meus métodos. Pouco ortodoxos, eu sei, mas isso não importa! O homem que eu ia matar… Mas que estupidez! – Quase gritava. – Eu perguntei o nome dele! Foi por acaso! Ele… Ele tem o mesmo nome que eu!
E contou o resto da história. No final, Sheftu gritou. Nunca a tinha visto reagir assim.
- O QUÊ? Não acabaste com ele? Já pensaste na consequência da tua irresponsabilidade?
- Não! Não fui capaz de o fazer! Mas não há nada a temer. Ele não sabe o que eu sou. Não tive tempo para fazer o que quer que fosse… Mas isso pouco importa!
- Ao menos isso. Mas vamos ter que falar com as outras já sabes disso – disse.
- Mas…
Bati a porta.
- Desculpem… - Respondi.
- O que queres Claire? – Perguntou Samantha, quase em lágrimas.
- Ouvi o que se passou… - Retorqui.
- Quem te mandou? – Disse furiosa.
- Estavas a quase a gritar lembraste? – Disse, tentando escapar-me e não demonstrar que, na realidade, o fiz de propósito.
- Muito sinceramente… Eu já andava a investigar sobre esse assunto.
- O quê? – Disseram em uníssono.
- Eu tenho um motivo. – Respondi.
- Que é?
- Calma deixa-me falar. Eu encontrei-o a pouco tempo por cá. No hotel. Deu ideia que tinha andado a seguir-me. E ao que parece não me enganei. – Disse pensativa.
-E porque motivo iria ele seguir-te? – Perguntei indignada.
- Pois, foi exactamente isso que estranhei. Não havia nenhum motivo em concreto. Até que resolvi investigar.
- Investigar? – Desta vez foi Sheftu que falou.
- Sim. Sei que ele se chama Daniel Heinz Saint. É de Inglaterra.
- E…? – Perguntei.
- E… Nada. – Disfarcei. Não havia motivos para elas saberem que na realidade, ele não me andava a seguir a mim, mas sim…
- Fala Claire! – Samantha levantou-se e olhou para mim desconfiada.
- A Samantha tem razão. Se sabes fala. – Sheftu manteve-se calma.
- Mas eu não sei mais nada! – Virei-me para Samantha – A sério que não.
- Sabes!! – Gritou e com uma mão no meu pescoço elevou-me do chão. – FALA!
Meti as mãos no pescoço. Senti o ar tornando-se pouco e sentir-me tonta. Tentei libertar-me mas era inútil.
- Samantha, já chega. Esta conversa acaba aqui. E temos que contar isto as outras. Comprometeste-nos… E muito.
Samantha largou-me e eu sai do quarto, acompanhada por Sheftu. Não lhe dirigi palavra, segui apenas para o meu quarto. Precisava de fazer um telefonema.
Entrei e dirigi-me para o telefone.

- Estou sim? Richard? Prazer em ouvir-te. Já encontraste o tal ficheiro que te pedi? – Disse. - Daniel Heinz Saint, natural de Inglaterra. Não sei mais informações, daí estar a recorrer a ti. – Disse enquanto esperava resposta – Ok, manda-me por fax. Mas não para aqui. Podem ver. Para o tal café que te falei. Não quero que elas saibam, será demasiado para a Samantha, neste momento. Obrigada.

Desliguei. Saí do meu quarto e fui de novo ter com Veronica que estava agora a sair da banheira. Ajudei-a a vestir-se e sentamo-nos na sua cama.
- Muito bem. Vamos lá… Por onde começamos? – Iniciei a conversa.

Comunicado Claire Harris e Veronica Russo


Queremos começar este comunicado com um pedido de desculpas. Tornou-se impossível para ambas as autoras continuar neste projecto, nomeadamente devido à falta de tempo e outros projectos que se iniciaram e aos quais é necessário dar prioridade.
Esperamos que tenham gostado das personagens enquanto elas duraram na história e agradecemos o apoio dos leitores.

A Claire e a Verónica decidiram, após conversar juntas, seguir numa viagem para Itália, em rumo de novos conhecimentos. O Saber não tem fim e com a necessidade de melhorar as suas práticas, as duas jovens foram para Itália e percorrer o Mundo em busca de novos conhecimentos, novos professores e inclusive novos produtos que possam usar na sua prática.

Agradecemos todo o apoio dado e mais uma vez pedimos desculpa,

Namastê,

Claire Harris e Verónica Russo

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